VIVENDO A LEI

VERSO PARA MEMORIZAR:
“Então o Senhor disse a Moisés: – Assim você dirá aos filhos de Israel: ‘Vocês viram que dos céus Eu lhes falei. Não façam deuses de prata ao lado de Mim, nem façam para vocês deuses de ouro’” (Êxodo 20:22,23).

Leituras da semana:
Êxodo 21:1-32; Êxodo 22:16-31; Êxodo 23; 2Rs 19:35; Mateus 5:38-48; Romanos 12:19; Mateus 16:27
Deus desejava que Seu povo fosse diferente das nações ao redor.

Ele queria que fossem estabelecidos como uma comunidade de fé dedicada, que vivesse sob Sua liderança e autoridade.

Todos estariam submissos à Sua lei. Juízes deveriam ser nomeados como administradores da lei, e os sacerdotes seriam responsáveis por ensiná-la. Os pais também desempenhavam um papel essencial.

Em qualquer cultura, as leis revelam os ideais, os objetivos, as intenções e o caráter de quem as criou.

Por exemplo, quando o faraó ordenou que todos os bebês hebreus do sexo masculino fossem mortos, essa lei revelou quem ele era: maligno.

Em contraste, se um rei criasse uma lei determinando que todo jovem de 18 anos do reino receberia ensino superior gratuito, muitos considerariam isso uma prova da generosidade do rei e de seu desejo de ver o país prosperar.

A lei de Deus revela quem Ele é — Sua bondade, amor, valores, justiça e Seu freio contra o mal. Assim como a lei é santa e justa, Deus também o é.

Enquanto cria espaço para uma vida abundante, a lei também nos ajuda a nos proteger de perigos e desgraças. O respeito a Deus, ao próximo e aos valores da vida era a base do sistema legislativo de Deus.

* Estude a lição desta semana para se preparar para o Sábado, 30 de Agosto.

Todas as Coisas Cooperando Juntas

Carl Casey, um piloto de helicóptero e professor de ciências no Alasca, sofreu um derrame aos 51 anos. Ele não conseguia entender o motivo. Muito antes de se tornar Adventista do Sétimo Dia, havia parado de comer carne imunda depois de ver que a Bíblia falava contra isso e ao ler evidências científicas que confirmavam essa orientação.

O derrame destruiu a vida de Carl em Fairbanks. Ele não conseguia andar nem trabalhar. Então leu em Romanos 8:28: “E sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (ARA). Ele já havia lido esse versículo muitas vezes, mas agora assumiu um novo significado. Ele percebeu que não dizia “todas as coisas são boas para os que amam a Deus”, mas sim “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”.

Carl parou de perguntar por quê. Em vez disso, pediu a Deus que usasse seu derrame para ganhar almas no Alasca. Ele queria poder ecoar as palavras de José e dizer: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida” (Gênesis 50:20).

Carl começou a buscar oportunidades para testemunhar no Alasca, um campo missionário desafiador, com uma história difícil; invernos longos e rigorosos; e poucas estradas e infraestrutura em um território vasto. Apenas cerca de 3.000 Adventistas vivem entre a população de 733.000 pessoas. Carl rapidamente percebeu que sua cadeira de rodas o colocava em uma posição única. Era difícil as pessoas não o notarem. Com a atenção delas, ele falava com entusiasmo sobre seu amor por Deus.

As pessoas reagiam surpresas:

“Você está em uma cadeira de rodas e ainda se importa com Deus?”

“Com certeza!”, respondia Carl. Então, exaltava o grande amor de Deus. Ele compartilhava Romanos 3:23, que diz que todos pecaram e carecem da glória de Deus, e João 3:16, que diz que todo aquele que crê em Jesus tem a vida eterna. Ele incentivava as pessoas a lerem a Bíblia diariamente e se aproximarem de Deus, acreditando que, uma vez formado o relacionamento, tudo o mais se encaixaria, incluindo doutrinas como o Sábado e ensinamentos como a dieta levítica.

Carl admite prontamente que uma dieta saudável não evitou seu derrame. “Meu derrame não foi por comer de forma não saudável, mas apenas o resultado de viver em um mundo pecaminoso”, disse ele. “Tenho sorte de estar vivo. A maioria das pessoas morre depois de um derrame como este.” Ele ainda recomenda e segue a dieta levítica como o caminho para uma vida mais longa e saudável.

Quase uma década após o derrame, ele pode dizer que vidas foram transformadas por causa disso.

“Vou ver pessoas no céu porque tive este derrame”, disse Carl. “Haverá pessoas lá que não estariam de outra forma. Então, todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus.”

O CÓDIGO DA ALIANÇA

No Sinai, com a entrega de Sua lei, Deus estabeleceu o alicerce para ensinar ao Seu povo como, por meio da conexão com Ele, poderiam viver vidas santas.

Mas os princípios da lei precisavam ser aplicados na vida cotidiana, por isso Deus lhes deu leis adicionais, o chamado “Código da Aliança”.

Era responsabilidade dos juízes vigiar essas leis e aplicá-las corretamente. “A mente do povo, cegada e degradada pela escravidão e pelo paganismo, não estava preparada para compreender plenamente os princípios profundos dos dez preceitos de Deus.

Para que as obrigações do Decálogo pudessem ser mais bem compreendidas e aplicadas, preceitos adicionais foram dados, ilustrando e aplicando os princípios dos Dez Mandamentos.

Essas leis foram chamadas de juízos, tanto porque foram elaboradas com sabedoria e equidade infinitas, como porque os magistrados deviam julgar de acordo com elas.

Ao contrário dos Dez Mandamentos, elas foram entregues em particular a Moisés, que deveria comunicá-las ao povo.”

— (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 260, 261).

Leia Êxodo 21:1-32. Quais regulamentos específicos foram dados a respeito de escravos hebreus, homicídio e lesões corporais?

O Código da Aliança é descrito em vários capítulos (Êxodo 21:1–23:19).

Todas essas regras e leis foram estabelecidas para conter a avalanche do mal e para construir uma sociedade organizada e justa.

As leis sobre escravidão eram especiais e não devem ser confundidas com a prática cruel e maligna da escravidão moderna ou medieval. Os escravos hebreus eram, de fato, protegidos e valorizados.

Nas sociedades modernas e medievais, os servos e escravos eram propriedade de seus senhores, que podiam fazer com eles o que quisessem.

Em contraste, as leis bíblicas regulavam essas questões de forma diferente.

A servidão era limitada a seis anos (Êxodo 21:1, 2; Jeremias 34:8–22), e no Sétimo ano, todos os escravos deveriam ser libertos, a menos que optassem por permanecer com seu senhor.

Os senhores também eram obrigados a dar-lhes folga nos sábados (Êxodo 20:9, 10) e a suprir suas necessidades básicas.

Embora na maior parte do mundo a escravidão tenha sido abolida, de que modo alguns de seus resquícios persistem? Como podemos combatê-los?

MAIS LEIS

Na Sua misericórdia, Deus ensinou aos juízes como lidar com as pessoas em várias situações relacionadas aos direitos de propriedade.

Vários estudos de caso são enumerados, indicando o que fazer:

se um boi atacasse o boi do vizinho, se alguém roubasse um animal doméstico e o vendesse, se os animais pastassem no campo ou na vinha de outro proprietário, se um objeto emprestado fosse roubado, ou se um animal alugado se machucasse ou morresse (Êxodo 21:33–22:15).

Leia Êxodo 22:16-31; Êxodo 23:1-9. Quais questões foram tratadas nessas leis e de que maneiras?

As leis de Deus abrangiam diferentes questões. Havia regulamentos específicos contra rebaixar ou humilhar as pessoas.

Ele não queria nenhum tipo de exploração.

Em Sua misericórdia, Deus corrige as tendências pecaminosas do coração humano e restringe as inclinações naturais das pessoas.

A sociedade devia ser mantida segura, o mal eliminado e bons relacionamentos interpessoais cultivados. A justiça e o amor deveriam governar todas as ações.

Leia Êxodo 23:10-19. Qual era o propósito do Sábado e das festas?

O Sábado e as festas estavam relacionados à adoração e eram lembranças de eventos cruciais na história da salvação.

A adoração era cuidadosamente regulamentada, pois era a base teológica para todas as outras atividades.

O Sábado foi estabelecido na Criação (Gênesis 2:2, 3; Êxodo 20:8–11), estava ligado à libertação e redenção de Israel (Deuteronômio 5:12–15)

e, de forma poderosa, aponta para a adoração a Deus como nosso Criador, Redentor e Senhor (Marcos 2:27, 28).

Havia três festas importantes que Israel era obrigado a celebrar a cada ano: A Páscoa ou Festa dos Pães Asmos, na primavera (geralmente de meados de março a meados de abril);

O Pentecostes, também chamado de Festa da Colheita ou Festa das Semanas, celebrado sete semanas após a Páscoa, ou seja, 50 dias depois;

A Festa dos Tabernáculos (ou das Cabanas), também chamada de Festa da Colheita Final, no outono (geralmente de meados de setembro a meados de outubro).

Veja também: Êxodo 34:18–26; Levítico 23:4–44; Números 28:16–29:40; Deuteronômio 16:1–16.

O PLANO ORIGINAL DE DEUS

Quais métodos Deus desejava usar para conquistar a terra prometida? Êx 23:20-33

Não era intenção de Deus que os israelitas lutassem por seu novo território; ele deveria ser dado a eles. Esse território havia sido prometido a Abraão, Isaque e Jacó e deveria ter sido recebido como um presente especial de Deus para Israel.

O modelo para a conquista da Terra Prometida foi demonstrado durante a travessia do Mar Vermelho. Deus lutou por Seu povo e lhes deu total vitória sobre aqueles que planejavam matá-los (Êxodo 14:13, 14).

Os egípcios foram derrotados porque o Senhor interveio de forma milagrosa. Da mesma forma, nos dias do rei assírio Senaqueribe, Deus também derrotou o vasto e bem-equipado exército da Assíria, sem que os israelitas tivessem que lutar.

Deus concedeu a vitória porque o rei Ezequias creu na palavra de Deus dada a ele por meio do profeta Isaías (2 Reis 19:35; Isaías 37:36).

Deus informou a Abraão que a Terra Prometida não seria dada imediatamente à sua descendência, mas somente após 400 anos (Gênesis 15:13–16).

Por quê? A razão estava relacionada à maldade dos habitantes da terra de Canaã.

Deus, em Sua misericórdia, estava trabalhando com aquele povo e lhes deu um período adicional de graça para se arrependerem.

No entanto, eles continuaram em sua rebelião contra Deus e Seus valores, e, quando a iniquidade dessas nações se completou, Deus estava pronto para dar o território aos hebreus como nova pátria.

Além disso, Deus prometeu que expulsaria as nações diante de Israel por dois métodos incomuns, mas muito eficazes:

Enviando terror e medo sobre as nações ímpias, e Com vespas que expulsariam o povo dali. Antes que os israelitas chegassem ao novo território, seus inimigos abandonariam o lugar e “fugiriam apavorados” (Êxodo 23:27, 28).

O papel crucial na conquista da Terra Prometida foi desempenhado pelo Anjo de Deus.

Esse Mensageiro era Cristo, que guiou Israel, conquistou territórios e os protegeu. Ele era a coluna de nuvem que os guiava de dia e a coluna de fogo que os guiava à noite. Israel precisava prestar atenção e obedecer a Ele, pois Ele tinha autoridade divina (Êxodo 23:21). A desobediência à vontade de Deus e a falta de fé em Sua liderança complicariam o progresso do povo.

O Senhor deu aos povos pagãos séculos para se arrependerem. O que isso ensina sobre a graça de Deus e os limites da graça para os que se recusam a aceitá-la?

OLHO POR OLHO

Leia Mateus 5:38-48. Como Jesus interpretou o significado da lei do “olho por olho, dente por dente”? Como devemos aplicá-la hoje?

No Sermão do Monte, Jesus Cristo citou textos do Antigo Testamento, textos que o povo certamente conhecia.

No entanto, Ele estava se posicionando contra as interpretações rabínicas da época, que, ao longo dos séculos, haviam se desviado do propósito original dessas leis.

Ou seja, a tradição humana não apenas ocultou o propósito da Palavra de Deus, mas em alguns casos (como nas regras sobre o Sábado, que distorceram o mandamento sabático), perverteram o seu sentido e significado.

Por meio de Suas palavras, Jesus estava restaurando os significados originais dessas leis. No Monte das Bem-Aventuranças, ao apontar Seus ouvintes de volta para o propósito e significado originais dos textos,

Jesus procurava corrigir interpretações erradas. O texto de Êxodo 21:24, que fala sobre “olho por olho, dente por dente”, foi citado em Mateus 5:38 (“ouvistes o que foi dito... eu, porém, vos digo”) e faz referência à lex talionis, a chamada lei de retaliação.

Esse versículo também é encontrado em outros lugares da Bíblia (Levítico 24:20; Deuteronômio 19:21).

A intenção original dessa lei era evitar a vingança pessoal. Ela tinha o objetivo de impedir rivalidades sangrentas ou retaliações sem investigação prévia.

A lesão precisava ser avaliada por juízes, e então uma compensação monetária justa seria estabelecida e paga.

Essa prática servia para impedir que as pessoas “fizessem justiça com as próprias mãos”.

A justiça devia ser feita, mas de acordo com a lei de Deus. Jesus Cristo, que deu essas leis sociais a Moisés, conhecia o verdadeiro propósito da lei;

por isso, Ele pôde aplicá-la de forma objetiva, segundo sua intenção original. O motivo por trás dessa lei era promover a justiça e a reconciliação, e restaurar a paz.

Pode-se argumentar que, de certo modo, a justiça implica um tipo de vingança. A aplicação correta dessas leis buscava, ao que parece, encontrar o equilíbrio certo entre justiça e vingança.

Saber que um dia a justiça será feita nos ajuda a lidar com a injustiça do mundo?

VINGANÇA

"Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: ‘A mim pertence a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor’"

(Romanos 12:19; veja também Deuteronómio 32:35).

Que promessa e mandamento são encontrados nesses versículos? Como eles estão intimamente relacionados?

Até que o Senhor traga a justiça — tão ausente atualmente — cabia aos juízes do antigo Israel aplicar a lei e determinar um castigo justo quando ocorresse algum dano ou ferimento. Mas, primeiro, eles precisavam conhecer os fatos.

O problema é que, no tempo de Cristo, os mestres da lei aplicavam essa lei de forma a abrir espaço para a vingança pessoal.

Ao fazerem isso, tiravam o princípio do seu contexto, e o propósito original era perdido. Consequentemente, acabavam defendendo exatamente o que a lei proibia.

Leia Mateus 6:4,6; Mateus 16:27; Lucas 6:23; 2Timóteo 4:8. O que esses textos nos dizem sobre como Jesus via os princípios de recompensa e punição?

Jesus não era contra o princípio de recompensa e punição. A justiça é uma questão de princípio; é uma parte crucial da vida. No entanto, nenhum indivíduo deve assumir para si o papel de juiz, júri e “executor”. Como seria fácil para nós perverter a justiça! Não cabe a nós retribuir o mal. Se algum mal deve ser tratado, isso deve ser realizado por um tribunal objetivo; é trabalho dos juízes.

Nesse contexto, Jesus nos diz para sermos perfeitos como o nosso “Pai que está nos céus é perfeito”. Como podemos ser tão perfeitos quanto o próprio Deus? O amor altruísta é a característica predominante de Deus. Ele ensina Seus seguidores a amar os inimigos e a orar pelos que os perseguem. A verdadeira perfeição é amar, perdoar e ser misericordioso (Lucas 6:36), mesmo com aqueles que não merecem. Este princípio, e as ações que ele gera, é o que significa refletir o caráter de Deus.

Como podemos aprender a amar da maneira que nos é ordenado? Por que isso sempre envolve morrer para si mesmo?

Estudo Adicional:

Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 261-265 (“A lei de Deus”).

Porque vivemos no território do nosso inimigo, não é de se admirar que possamos ser feridos na vida real por seus esquemas habilidosos e enganosos. Quem dentre nós não conheceu dor e sofrimento, tudo causado pelo pecado e pelo mundo caído e pecaminoso em que vivemos? Infelizmente, isso agora faz parte da vida. No entanto, Deus nos dá poder para enfrentar.

“O precioso Salvador enviará ajuda exatamente quando precisarmos. O caminho para o céu está consagrado por Suas pegadas. Cada espinho que fere nossos pés também feriu os d’Ele. Cada cruz que somos chamados a carregar, Ele já carregou antes de nós. O Senhor permite conflitos para preparar a alma para a paz. O tempo de angústia é uma prova terrível para o povo de Deus; mas é o momento para todo verdadeiro crente olhar para cima e, pela fé, pode ver o arco da promessa a envolvê-lo.” — Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 525).

Questões para discussão:

Muitas pessoas têm se debatido com o fato de que o Senhor expulsou nações pagãs de suas terras e, às vezes, até mesmo as exterminou. É inquietante. No entanto, como a percepção de que o amor de Deus também deve executar a justiça nos ajuda a confiar que esses acontecimentos revelaram não apenas a justiça de Deus, mas também Seu amor?

Logo depois das palavras de Jesus sobre amar os outros, inclusive os inimigos e aqueles que nos odeiam, Ele disse: “Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês, que está no Céu” (Mt 5:48). Por que Jesus apresentaria essa ordem após aquelas instruções? O que significa não apenas ser “perfeito”, mas ser perfeito “como” o Pai que está no Céu?

Paulo tinha uma atitude positiva e edificante em relação à lei de Deus e suas funções, mas era contra o uso indevido da lei. O que significa a declaração de que não estamos “debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6:14)? De que modo podemos usar mal a lei de Deus?

Qual é a diferença entre justiça e vingança? Esses dois conceitos são contrários ou apenas manifestações da mesma ideia? Como podemos saber se nosso desejo por justiça não é, na verdade, desejo por vingança?