
A Aliança e o Modelo
VERSO PARA MEMORIZAR:Como seu Deus, Criador e Redentor, o Senhor desejava estar com Seu povo e habitar em seu meio. Ele nos criou para estar em íntima comunhão com Ele. No entanto, se relacionamentos significativos com outras pessoas só podem ser construídos com tempo e esforço, o mesmo é verdadeiro para o nosso relacionamento vertical com Deus. Pode ser uma experiência edificante e repleta de crescimento, mas somente se passarmos tempo com Ele.
“Moisés foi e transmitiu ao povo todas as palavras do Senhor e todos os estatutos. Então todo o povo respondeu a uma voz e disse: – Tudo o que o Senhor falou nós faremos” (Êxodo 24:3).
Leituras da semana:
Êxodo 24; 1 Coríntios 11:23-29; Levíticos 10:1,2; Ezequiel 36:26-28; Êxodo 25:1-9; Êxodo 31
Em termos práticos, isso significa estudar Sua Palavra (Deus falando conosco), orar (abrir nosso coração a Deus) e testemunhar aos outros sobre a morte, ressurreição e retorno de Cristo (engajar-se na missão de Deus). À medida que Deus nos abençoa, seremos um canal de bênçãos para outros.
O foco deve estar em Deus, não em nós mesmos (Hebreus 12:1, 2). Ao nos conectarmos com Ele, Deus pode nos capacitar a seguir Seus ensinamentos, o que significa obediência à Sua Palavra. Não é de admirar que a geração final dos seguidores de Cristo seja descrita como pessoas “que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Apocalipse 14:12,).
É simples, na verdade: amamos a Deus e, por causa desse amor, nós O obedecemos.
Conhecendo um Deus Onisciente
Por Andrew McChesney
Iqbal não sabia nada sobre Jesus quando viajou mais de 960 quilômetros de sua casa para aprender inglês em um internato Adventista no sul da Ásia.
Ele havia sido criado em uma família não cristã, e seus pais o enviaram, aos 20 anos, para se juntar à irmã na escola. Ela já estudava lá e se destacava nas aulas de inglês.
Iqbal participava de todos os cultos matinais e vespertinos da escola. Ia a todos os cultos de Sábado. Um interesse começou a nascer em seu coração: conhecer Jesus. Ele leu a Bíblia, procurando informações sobre Ele. Seus olhos foram atraídos para Jeremias 1:5:
“Antes que Eu te formasse no ventre, Eu te conheci; e antes que saísses da madre, te santifiquei” .
Ele pensou: Quero conhecer Jesus pessoalmente, porque Ele me conhecia pessoalmente antes mesmo de me formar no ventre de minha mãe.
Semanas se transformaram em meses, e Iqbal aprendeu mais sobre Jesus. Ele refletiu: Será que Jesus me trouxe mais de 960 quilômetros de casa não apenas para aprender inglês, mas também para aprender sobre o Seu amor?
Ele começou a experimentar o amor de Jesus em sua própria vida e, dois anos e meio depois de chegar à escola, decidiu entregar o coração a Jesus e ser batizado.
Após se formar, Iqbal concluiu o Bacharelado em Aplicações de Computador no Lowry Adventist College, em Bengaluru, Índia, e ingressou no quadro de funcionários, atuando nas atividades do ministério do campus. Hoje, Jesus é a sua vida.
“Agora, estou feliz por viver com Jesus”, disse ele. “Dia após dia, Jesus me guia e cuida de mim. Sempre que enfrento um problema, Cristo é o meu refúgio e me livra dele.”
Iqbal expressa admiração pela onisciência de Jesus, a ideia de que Ele não apenas o conhecia antes de formá-lo no ventre de sua mãe, mas também sabe de suas necessidades antes mesmo que ele próprio as conheça.
“Agradeço a Jesus porque Ele cuida das minhas necessidades muito antes que eu mesmo as conheça”, disse ele. “Antes que eu peça, Ele sabe o que dar e por meio de quem dar. É por isso que confio nEle e O amo mais a cada dia.”
O Livro e o Sangue
Leia Êxodo 24:1-8. Quais funções a leitura da Palavra de Deus e a aspersão do sangue desempenharam na confirmação da aliança entre Deus e Seu povo?
O Deus vivo da Bíblia é o Deus dos relacionamentos. O elemento mais importante para o nosso Senhor não é uma coisa ou uma agenda, mas a pessoa. Assim, Deus dá atenção especial às pessoas, e o propósito principal de Suas atividades é construir um relacionamento pessoal com os seres humanos. Afinal, um Deus que “é amor” precisa ser um Deus que se importa com relacionamentos, pois como pode haver amor sem relacionamento?
Jesus disse: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo” (João 12:32). Deus não está interessado apenas em nosso comportamento ético, em doutrinas corretas ou em um conjunto de ações apropriadas, mas, acima de tudo, em um relacionamento pessoal e íntimo conosco. Ambas as instituições da Criação (Gênesis 1 e 2) tratam de relacionamento: a primeira sobre a relação vertical com Deus (o Sábado) e a segunda sobre a relação horizontal entre os seres humanos (o casamento).
A ratificação da aliança no Sinai tinha como objetivo reforçar o relacionamento especial que Deus queria ter com Seu povo. Na cerimônia, o povo proclamou duas vezes que obedeceria a Deus em tudo que Ele requeresse. “Tudo o que o Senhor falou faremos”, declararam (Êxodo 24:3). Eles falavam com sinceridade, mas não conheciam sua própria fragilidade, fraqueza e falta de poder. O sangue da aliança foi aspergido sobre o povo, indicando que somente pelos méritos de Cristo Israel poderia seguir as instruções divinas.
Não gostamos de admitir que nossa natureza humana é frágil, fraca e totalmente pecaminosa. Temos uma tendência inerente para o mal. Para conseguir fazer o bem, precisamos de ajuda que venha de fora de nós mesmos. Essa ajuda vem somente do alto, do poder da graça de Deus, de Sua Palavra e do Espírito Santo. E mesmo com tudo isso à nossa disposição, o mal ainda nos atrai com tanta facilidade, não é verdade?
Por isso, um relacionamento pessoal íntimo com Deus era tão essencial para o povo naquela época, no Sinai, quanto é para nós hoje.
Tudo o que o Senhor falou nós faremos.” Quantas vezes você disse a mesma coisa, mas depois falhou? Qual é a única solução?
Vendo a Deus
Leia Êxodo 24:9-18. Que experiência extraordinária foi vivida pelos líderes de Israel?
Depois do firme restabelecimento da aliança com Deus, Moisés subiu novamente ao Sinai. No início dessa subida, Moisés não estava sozinho. Ele tinha a excelente companhia de 73 líderes israelitas. Para esses líderes, essa foi a experiência suprema: eles viram Deus (teofania), e o texto enfatiza duas vezes essa realidade impressionante. Foi também um momento para os líderes, ao comerem juntos, selarem a aliança com Deus. Este foi um banquete, e o Deus de Israel era o Anfitrião. Esses líderes foram profundamente honrados por Deus.
No Oriente Médio, durante os tempos bíblicos (e, até certo ponto, ainda hoje), comer juntos era uma experiência de grande importância, honra e privilégio. Significava perdão e formava um vínculo de amizade. Implicava estar presente um para o outro e permanecer juntos em tempos de crise e problemas. Ao comerem juntos, prometiam-se, sem palavras, que se algo acontecesse com uma das partes, a outra seria obrigada a ajudar. Ser convidado para uma refeição era um privilégio especial que não era oferecido a todos.
Por outro lado, recusar um convite era uma das piores formas de insulto. Esse entendimento nos ajuda a compreender as histórias do Novo Testamento em que Jesus Cristo foi fortemente criticado por comer com pecadores (Lucas 5:30). Quando os crentes celebram a Ceia do Senhor, também estabelecem esse vínculo próximo com outros crentes que são pecadores como eles. Durante essa refeição, celebramos o perdão e a salvação que temos em Jesus (ver Mateus 26:26–30; Marcos 14:22–25; 1 Coríntios 11:23–29).
Tragicamente, alguns dos homens que haviam subido com Moisés mais tarde caíram em pecado e perderam a vida (ver Levítico 10:1, 2, 9). Mesmo tendo tido uma experiência tão profunda com Deus naquele momento, não foram transformados nem convertidos por essa experiência. Que lição poderosa sobre como a posse da verdade e de privilégios sagrados não significa, automaticamente, conversão. Tendo experimentado o que experimentaram, esses homens deveriam ter sido os últimos a fazer o que, tragicamente, fizeram depois.
Reflita sobre os privilégios dos filhos de Arão. Que advertência isso nos traz, como Adventistas, sobre os privilégios da luz que recebemos e sobre a nossa responsabilidade?
Poder para Obedecer
Leia Ezequiel 36:26-28. Como a obediência acontece em nossa vida?
Em três ocasiões, os israelitas declararam com fervor que obedeceriam a Deus (Êxodo 19:8; 24:3, 7). A obediência é importante, mesmo que a Bíblia ensine que nós, seres humanos, somos fracos, quebrados, frágeis e pecadores. Essa triste verdade foi revelada não apenas na história do antigo Israel, mas também na história de todo o povo de Deus.
Como, então, podemos ser capacitados a seguir fielmente a Deus?
A boa notícia é que aquilo que Deus ordena, Ele também nos dá poder para cumprir. A ajuda que não está dentro de nós vem de fora, tornando possível fazermos o que Deus requer. É obra dEle. No núcleo de seu resumo teológico, em Ezequiel 36:26, 27, o profeta deixa isso muito claro: somente Deus pode realizar um transplante de coração, removendo nosso coração de pedra e substituindo-o por um coração sensível de carne. Como Josué lembrou à sua audiência: “Vocês não são capazes de servir ao Senhor” (Josué 24:19).
Podemos decidir seguir a Deus; esse é o nosso papel. Temos que fazer a escolha — uma escolha contínua, momento a momento — de nos render a Ele. Isso porque não temos poder para cumprir nem mesmo a decisão consciente de servi-Lo. Mas quando entregamos nossa fraqueza a Deus, Ele nos torna fortes. Paulo declara: “Quando estou fraco, então é que sou forte” (2 Coríntios 12:10).
Note o divino “Eu” em Ezequiel 36:24–30: Deus ajunta, limpa, remove, dá, põe e move você a guardar cuidadosamente Sua lei. O que Ele faz, você fará. Ele Se identifica com você e, se você permanecer intimamente ligado a Ele, a obra dEle será a sua obra. Essa união entre Deus e você será dinâmica, poderosa e viva.
Mais uma vez, a ênfase dessa passagem está na ação de Deus. A tradução literal seria: “Eu porei o meu Espírito em vocês e farei com que andem nos meus estatutos e guardem as minhas leis, e as pratiquem”. Deus ordena que Seu povo obedeça e, em seguida, dá o poder para obedecer. O que Deus exige do Seu povo, Ele sempre os ajuda a cumprir. A obediência é um dom de Deus (não apenas nosso desempenho ou conquista), assim como a justificação e a salvação também são dons dEle (Filipenses 2:13).
Se recebemos o poder de obedecer, por que achamos tão fácil cair em pecado?
No meio do seu povo
Deus estava ensinando Seu povo por diversos meios, e um deles era por meio do santuário. Todos os seus serviços apontavam para Jesus; eram lições objetivas no plano da salvação, que seria realizado por meio de Jesus muitos séculos depois.
Quais importantes verdades práticas e teológicas são encontradas em Êxodo 25:1-9?
Embora Deus estivesse guiando os israelitas e já estivesse próximo deles, Ele instruiu Moisés a construir um santuário:
“E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles” (Êxodo 25:8).
Deus queria mostrar-lhes de forma tangível que realmente estava com eles. Mesmo depois de terem errado tantas vezes, Ele não os havia abandonado e, “depois que novamente foram aceitos no favor do Céu” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 192), receberam a ordem divina e começou o processo de construção do santuário.
A Bíblia assegura que Deus não habita em templos e edifícios feitos por mãos humanas (Atos 7:47–50), porque Ele é maior que os céus, e nem mesmo o céu dos céus pode contê-Lo. Paulo, no Areópago em Atenas, declarou: “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe é o Senhor do céu e da terra e não habita em santuários feitos por mãos humanas” (Atos 17:24). Da mesma forma, o rei Salomão afirmou: “Mas, de fato, habitará Deus na terra? Eis que os céus e até o céu dos céus não te podem conter; quanto menos esta casa que eu edifiquei!” (1 Reis 8:27). O santuário, portanto, era o local onde Deus manifestaria Sua presença entre o povo.
Os israelitas deveriam trazer ofertas voluntárias para a construção do santuário. Essas ofertas incluíam presentes preciosos e valiosos, como ouro, prata, bronze, madeira de acácia, vários tipos de tecidos finos, azeite e especiarias.
Em Êxodo 25:10–27:21, encontramos muitos detalhes sobre o tabernáculo e seus serviços. Deus deu a Moisés um plano detalhado, contendo instruções específicas sobre como construir e mobiliar o tabernáculo, incluindo a arca da aliança, a mesa dos pães da proposição, o candelabro, os altares, as cortinas, as cores e as medidas.
Moisés deveria construir o tabernáculo conforme o modelo que Deus lhe mostrou (Êxodo 25:9, 40; 26:30), que era um reflexo do santuário celestial (Hebreus 8:1, 2; 9:11). O santuário terrestre teve uma função crucial até a morte de Jesus e o início de Seu ministério no santuário celestial, o que tornou o santuário terrestre sem efeito, uma verdade simbolizada pelo rasgar do véu diante do Lugar Santíssimo na morte de Cristo (Mateus 27:51; Marcos 15:38).
Cheios do Espírito de Deus
Deus instruiu Moisés em todos os detalhes na preparação para os serviços do tabernáculo. Os sacerdotes deveriam ter vestes sacerdotais, mas o sumo sacerdote usava um éfode especial, que continha os nomes dos filhos de Israel. Ele também usava um peitoral, que continha o Urim e o Tumim e deveria estar sobre o seu coração (Êxodo 28).
Todos os sacerdotes deveriam ser consagrados (Êxodo 29). Outros itens a serem cuidadosamente preparados incluíam o altar de incenso, a bacia para as lavagens, o óleo da unção e o incenso (Êxodo 30).
Leia Êxodo 31. Que assistência especial foi dada por Deus para que todos os detalhes do tabernáculo fossem preparados e construídos de forma bela e adequada?
Pela primeira vez nas Escrituras, lemos que Deus encheria uma pessoa com o Espírito de Deus. O que isso significa? Bezalel foi capacitado para trabalhar artisticamente no tabernáculo. Ele foi cheio, ou seja, dotado de novas habilidades, entendimento e conhecimento para o trabalho artesanal necessário. Além disso, Deus concedeu a Aoliabe e a muitos outros artífices o mesmo Espírito para ajudar nessa obra.
Em meio a toda essa criatividade, o Sábado é apresentado como um sinal entre Deus e Seu povo, indicando que o Senhor os santifica. Isso significa que a observância do quarto mandamento está associada à santificação. Mais tarde, Ezequiel declarou:
“Eu lhes dei os meus sábados, para que servissem de sinal entre mim e eles, para que soubessem que eu sou o Senhor que os santifica” (Ezequiel 20:12).
O Sábado é um lembrete de que o Senhor não é apenas nosso Criador (Gênesis 2:2, 3), Redentor e Deus (Deuteronômio 5:15; Marcos 2:27, 28), mas também o Santo. Ele transforma as pessoas por Sua presença; por meio de Seu Espírito e de Sua Palavra, elas crescem para refletir um caráter amoroso, bondoso, altruísta e perdoador.
O presente culminante que Deus deu a Moisés foi o Decálogo (Êxodo 31:18). O próprio Deus escreveu e entregou as duas tábuas de pedra com os dez preceitos (Êxodo 31:18; Deuteronômio 9:9–11). Essas tábuas deveriam ser colocadas no Lugar Santíssimo, dentro da arca da aliança, que ficava sob o propiciatório (Êxodo 25:21).
A palavra “propiciatório” traduz um termo hebraico que significa literalmente “lugar de expiação”. Por que o propiciatório estava acima da lei de Deus? Isso nos traz esperança?
Estudo Adicional
Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 292-299 (“O tabernáculo e suas cerimônias”).
O tabernáculo era um lugar especial onde se realizava a expiação pelos pecados confessados do povo de Deus. Era o local onde, de fato, todo o plano da salvação foi revelado, e com muitos detalhes, aos filhos de Israel enquanto estavam no deserto. Justificação, santificação e juízo eram ensinados ali. Cada sacrifício de animal apontava para a morte de Jesus, o perdão dos pecados e, por fim, o apagamento definitivo dos pecados. Além disso, junto aos sacrifícios estava a presença da lei de Deus, o padrão de justiça.
“A lei de Deus, guardada na arca, era a grande regra da justiça e do juízo. Essa lei pronunciava a morte sobre o transgressor; mas acima da lei estava o propiciatório, sobre o qual a presença de Deus se manifestava, e do qual, em virtude da expiação, era concedido perdão ao pecador arrependido. Assim, na obra de Cristo por nossa redenção, simbolizada pelo serviço do santuário, ‘a misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram’. Salmos 85:10.” — (Salmos 85:10; Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 295).
Questões para discussão:
Quantas vezes você já disse: “Tudo o que o Senhor falou nós faremos”? Você foi bem-sucedido em seus esforços?
Moisés passou 40 dias com o Senhor no monte Sinai. Depois, Deus enfatizou que os israelitas deveriam observar o Sábado, que seria um sinal entre ambos de que o Senhor os santificaria. Qual é o papel da santidade e da santificação na observância do Sábado?
O Senhor queria que Seu povo fizesse um santuário para que Ele habitasse no meio dele. É impressionante notar que esse lugar era o centro da salvação para Israel. No santuário, local em que Deus habitava no meio do povo, o plano da salvação foi ilustrado por meio de tipos e sombras. Isso revela que somos dependentes de Deus para a salvação?
Por meio do sangue dos animais, todos os pecados eram levados para o santuário, a casa de Deus. O que isso significa? Como essa verdade maravilhosa ilustra, mesmo que de maneira imperfeita, o que Jesus fez na cruz por nós e o que Ele está fazendo por nós agora no santuário celestial?