O PÃO E A ÁGUA DA VIDA

VERSO PARA MEMORIZAR:
“Então o Senhor disse a Moisés: – Até quando vocês se recusarão a guardar os Meus mandamentos e as Minhas leis? Vejam! O Senhor deu a vocês o sábado; por isso, Ele, no sexto dia, lhes dá alimento para dois dias; cada um fique onde está, ninguém saia do seu lugar no sétimo dia. Assim, o povo descansou no sétimo dia” (Êxodo 16:28-30).

Leituras da semana:
Êxodo 15:22-27; Êxodo 16; Genesis 3:1-6; Êxodo 17:1-7; 1 Coríntios 10:4; Êxodo 18; 1 Coríntios 10:11.
Depois de sair do Egito, Israel embarcou em uma jornada desconhecida rumo à Terra Prometida. O povo enfrentava uma caminhada longa e exigente, e precisava aprender uma série de novas lições. O Senhor os guiaria e cuidaria deles; sim, Ele desejava ajudá-los a crescer, mas eles precisavam aprender disciplina, autocontrole, sacrifício, altruísmo, confiança no Senhor e, especialmente, obediência.

Moisés era um líder visível, e o povo precisava segui-lo e seguir sua liderança para triunfar. Era crucial que permanecessem unidos, cooperassem como comunidade e ajudassem uns aos outros. Havia muitos obstáculos e desafios pela frente. Grande parte do crescimento espiritual deles dependeria de como enfrentariam esses desafios e de como responderiam a Moisés, especialmente quando os desafios se tornassem maiores.

O conhecido provérbio chinês que diz “uma jornada de mil milhas começa com um único passo” era verdadeiro na situação deles, e eles precisavam confiar nas direções do Senhor a cada passo. Tragicamente, como veremos, eles não aprenderam essas lições com facilidade.

Mas, pensando bem, quem aprende?

* Estude a lição desta semana para se preparar para o Sábado, 16 de Agosto.

ÁGUAS AMARGAS

Nas narrativas bíblicas, diferentes papéis são desempenhados por diferentes personagens, sejam bons ou maus, e precisamos prestar muita atenção aos enredos, lugares, momentos e vilões. No entanto, o ponto mais importante de uma história geralmente é a solução e as lições aprendidas. Isso não é diferente nestes relatos.

Como os episódios mostram, Deus é o Solucionador de Problemas e o Pacificador; no entanto, Sua obra é dificultada pela incredulidade das pessoas. Como resultado de suas constantes murmurações e desobediência, os hebreus enfrentaram sérias complicações, até mesmo tragédias. Eles trouxeram para si muitas dificuldades por causa de sua incredulidade e falta de arrependimento.

Leia Êxodo 15:22-27. Depois de cruzar o Mar Vermelho, em que contexto o primeiro milagre foi realizado

O primeiro teste da fé de Israel está associado à necessidade de água — o que não é surpreendente, dado o ambiente desértico, quente e seco. Após três dias de viagem, o povo finalmente encontrou água, mas ela era imprópria para o consumo. Mará significa “amarga”, e por causa da amargura da água, a fé de Israel em seu Senhor cuidadoso rapidamente vacilou. No entanto, Deus reagiu com compaixão, e o primeiro milagre foi realizado com um pedaço de madeira. Claro que não foi a madeira, mas o Senhor quem tornou a água doce e potável. O povo precisava aprender lições importantes: (1) paciência para esperar o tempo do Senhor, e (2) que Deus age em cooperação com os seres humanos.

No entanto, os filhos de Israel tomavam muitas coisas como garantidas e rapidamente esqueciam os grandes milagres que Deus havia feito por eles — milagres pelos quais haviam acabado de cantar louvores apaixonados a Ele, declarando:

“Quem entre os deuses é como tu, Senhor? Quem é como tu, majestoso em santidade, terrível em feitos gloriosos, autor de maravilhas?” (Êxodo 15:11).

E mesmo após suas murmurações, Deus prometeu que não traria sobre os israelitas “nenhuma das doenças” (Êxodo 15:2) que haviam afligido os egípcios. Ele os protegeria. Mas eles só poderiam experimentar essa promessa sob a condição de permanecerem fiéis a Ele.



Que provações e dificuldades você já trouxe sobre si mesmo? Que conforto você pode obter ao saber que Deus trabalhará em seu favor se cooperar com Ele?

CODORNIZES E MANÁ

Infelizmente, há um padrão repetitivo de rebelião nessas histórias de peregrinação. O povo era notoriamente esquecido de que a mão poderosa de Deus os havia ajudado no passado e de que Ele havia providenciado soluções para seus problemas. Eles deixavam que os problemas do presente os cegassem para o objetivo final e para o futuro maravilhoso que lhes havia sido prometido. Esse é um problema comum até mesmo entre o povo de Deus nos dias de hoje.

Qual foi a causa da murmuração dos israelitas e o que aconteceu depois? Êxodo 16.

É importante notar que as tentações na Bíblia estão frequentemente relacionadas à comida. No Jardim do Éden, a Queda esteve ligada ao ato de comer do fruto proibido da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2:16, 17; 3:1–6). Nas tentações de Jesus no deserto, a primeira investida de Satanás foi por meio da comida (Mateus 4:3). Esaú perdeu seus direitos de primogenitura por causa de seu apetite indisciplinado (Gênesis 25:29–34). Quantas vezes a desobediência de Israel esteve ligada a comida e bebida! Não é de admirar que Moisés tenha lembrado às gerações futuras:

“O ser humano não viverá só de pão, mas de toda palavra que procede da boca do Senhor” (Deuteronómio 8:3).

O maná, é claro, era o pão celestial que Deus forneceu aos israelitas durante os 40 anos de peregrinação no deserto. Por meio desse presente, Ele os ensinou que é o Criador e Provedor de todas as coisas. Além disso, Deus usou a provisão sobrenatural do maná para mostrar-lhes como guardar o Sábado do Sétimo Dia.

A cada semana, quatro milagres aconteciam:

(1) durante seis dias, Deus fornecia uma porção diária de maná;

(2) às sextas-feiras, uma porção dobrada era dada;

(3) o maná não estragava da sexta-feira para o Sábado;

(4) nenhum maná caía no Sábado.

Deus realizava constantemente esses milagres para que o povo se lembrasse do dia de Sábado e celebrasse a bondade de Deus nesse dia. Deus disse:

“Lembrem-se de que o Senhor lhes deu o Sábado” (Êxodo 16:29).

Gostamos de nos alimentar. Fomos criados com essa característica. A grande diversidade de produtos que crescem do solo (nossa dieta original) revela que Deus deseja que nos alimentemos e que devemos apreciar os alimentos. Apesar disso, como a comida, esse presente maravilhoso, também pode ser mal utilizada?

ÁGUA DA ROCHA

No deserto, é necessário ter bastante água. Deus cuidou desse problema, mesmo que o povo fosse briguento, não confiasse n’Ele e até colocasse à prova Sua capacidade e disposição de lhes dar água. Em sua incredulidade, olharam para trás, para o Egito.

Leia Êxodo 17:1-7. Que lição o povo deveria ter aprendido com esse incidente?

Moisés chamou aquele lugar de Massá, que significa “provação”, e Meribá, que significa “contenda”. O Senhor deu água aos israelitas apesar da incredulidade deles. Esses dois nomes deveriam ter servido como lembrete para que os israelitas não colocassem Deus à prova e não contendesse com Ele (Hebreus 3:7, 8, 15). Eles questionaram seriamente a presença de Deus entre eles, mesmo já tendo visto muitas evidências concretas não só da Sua presença, mas também do Seu poder e autoridade.

“Moisés feriu a rocha, mas foi o Filho de Deus, velado na coluna de nuvem, quem estava ao lado de Moisés e fez com que a água vivificante jorrasse. Não apenas Moisés e os anciãos, mas toda a congregação que estava à distância contemplou a glória do Senhor; mas se a nuvem tivesse sido removida, teriam sido mortos pelo brilho terrível d’Aquele que habitava nela.” — Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 298.

A água é um símbolo de vida, porque sem água não há vida. Cada célula do nosso corpo precisa de água. Somos compostos por cerca de 60% de água. Até mesmo os nossos ossos são compostos parcialmente por água. Assim, providenciar água no deserto foi um sinal para os israelitas de que Deus cuidava das suas necessidades e de que eles podiam confiar n’Ele. Mas, mais uma vez, eles precisavam obedecer.

Muitos séculos depois, Paulo, em 1 Coríntios 10:4, lembra aos crentes que a experiência dos israelitas no deserto foi única. Cristo próprio não apenas os guiou, mas também lhes deu água (Salmo 78:15, 16) e supriu outras necessidades espirituais e físicas. Paulo declarou: “E a rocha era Cristo.” Para eles, Cristo era a Fonte da vida e o Doador da vida eterna. Assim como uma rocha é firme, Deus conduziu Seu povo com firmeza. Podemos contar com Ele, porque Ele não falha em cumprir Suas promessas.

Quais são as áreas em que você precisa confiar em Deus hoje? Como aprender a se submeter à vontade Dele e esperar o Seu tempo? Por que isso nem sempre é fácil?

JETRO

Moisés foi visitado por Jetro, seu sogro, que também é chamado de Reuel (Êxodo 2:18). Jetro trouxe com ele a esposa de Moisés, Zípora, e os dois filhos, Gérson e Eliézer. Quando Moisés soube que eles estavam chegando, saiu para recebê-los.

Leia Êxodo 18. Quais importantes etapas da história da nação aconteceram nesse momento?

Ao ex Jetro veio porque havia ouvido falar sobre a impressionante libertação que Deus realizou em favor de Israel. Moisés contou a Jetro, em detalhes, “tudo o que o Senhor havia feito ao faraó e aos egípcios por amor a Israel, bem como todas as dificuldades que enfrentaram pelo caminho, e como o Senhor os havia salvado” (Êxodo 18:8,).

Jetro louvou a bondade de Deus e Suas intervenções extraordinárias em favor do Seu povo, declarando:

“Bendito seja o Senhor, que os libertou das mãos dos egípcios e das mãos do faraó, e que livrou o povo do jugo dos egípcios. Agora sei que o Senhor é maior que todos os deuses, porque neste caso eles agiram com arrogância contra o povo” (Êxodo 18:10, 11).

O que vemos aqui é um exemplo de como a obra de Deus entre o Seu povo deveria servir como testemunho ao mundo de quem é o verdadeiro Deus e do que Ele pode fazer por Seu povo.

Ao mesmo tempo em que Jetro conheceu o verdadeiro Deus, ele também tinha algo a oferecer ao povo de Deus: conselhos sábios e úteis. Moisés precisava organizar o sistema legal com princípios justos e corretos. Ele também precisava de juízes dedicados e fiéis, homens íntegros. Jetro, com sabedoria, enumerou as seguintes qualificações:

(1) homens que temem a Deus;

(2) homens confiáveis;

(3) homens que odeiam o lucro desonesto.

Pessoas capazes e de bom caráter deveriam ser nomeadas para liderar grupos de mil, cem, cinquenta e dez. Dessa forma, a carga administrativa de Moisés seria aliviada, e ele poderia se concentrar em problemas mais importantes. Assim, o povo seria bem atendido.

Moisés aceitou o sábio conselho de Jetro (Êxodo 18:24) e nomeou líderes para diferentes funções administrativas (ver também Deuteronómio 1:9–18).

Moisés poderia ter ignorado aquele idoso e dito a ele para não se preocupar. Mas ele não fez isso. O que aprendemos com a disposição de Moisés de ouvir os conselhos de seu sogro?

O PÃO E A ÁGUA DA VIDA

Leia 1 Coríntios 10:11. Segundo Paulo, por que esses acontecimentos foram registrados nas Escrituras Sagradas?

Paulo explica que todas as coisas que aconteceram aos israelitas são exemplos e advertências para os seguidores de Cristo e servem para ajudá-los a evitar os mesmos problemas; ou seja, para que aprendam com esses exemplos. Essa é uma instrução pertinente para nós, que vivemos no “fim dos tempos”.

Deus concede ao Seu povo o Espírito Santo para fortalecer os crentes com “poder, amor e equilíbrio” (2 Timóteo 1:7), para que possam tomar decisões corretas e seguir Seus ensinamentos. Jesus Cristo é a Fonte da nova vida (João 14:6), e somente Ele pode nos transformar em “um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. [...] Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:1, 2.

Mais adiante, em Seu ministério, Jesus retomou lições desses relatos do Antigo Testamento, especialmente com o maná e a água, usando essas imagens para ensinar verdades sobre Si mesmo — o mesmo que guiou os israelitas pelo deserto.

Leia João 4:7-15; João 6:31-51. Que verdades esses textos revelam para nós cristãos?

A mulher samaritana descobriu que Cristo oferece algo que ela não encontraria em nenhum outro lugar. A sede interior por paz, alegria e felicidade vem de Deus e, portanto, só Deus pode satisfazê-la (Salmo 42:1, 2).

Mais tarde, no contexto do maná, Jesus explicou que foi Deus, e não Moisés, quem o providenciou para o povo. Então Jesus declarou: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim jamais terá fome” (João 6:35. Jesus repetiu duas vezes que Ele é o Pão da Vida (João 6:35, 41, 48).

Assim como o maná no deserto era “pão do céu” (João 6:31, 32), a água da rocha também foi um presente de Cristo para saciar a sede do povo. Além desses aspectos físicos, o pão e a água também tinham significado espiritual, pois Jesus Cristo é “o pão da vida” (João 6:35, 48) e “a água viva” (João 4:10, 11, 14; João 7:37, 38).

Somente n’Ele, então, nossa fome e sede espirituais podem ser verdadeiramente saciadas.

Estudo Adicional:

Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 243-253 (“Do Mar Vermelho ao Sinai”).

Pouco depois do episódio com a água, a nação enfrentou um novo perigo (ver Êxodo 17:8–16) — uma tribo feroz e guerreira, os amalequitas, os atacou.

“Os amalequitas não eram ignorantes quanto ao caráter de Deus ou à Sua soberania, mas, em vez de temê-Lo, decidiram desafiar o Seu poder. As maravilhas realizadas por Moisés diante dos egípcios foram motivo de zombaria entre o povo de Amaleque, e os temores das nações ao redor foram ridicularizados. Eles haviam jurado por seus deuses que destruiriam os hebreus, para que nenhum escapasse, e se gabavam de que o Deus de Israel seria impotente para resisti-los. Eles não haviam sido feridos nem ameaçados pelos israelitas. Seu ataque foi totalmente não provocado. Foi para manifestar seu ódio e desafio a Deus que buscaram destruir Seu povo.

Os amalequitas já eram há muito tempo pecadores arrogantes, e seus crimes clamavam por vingança diante de Deus; ainda assim, Sua misericórdia continuava a chamá-los ao arrependimento. Mas quando os homens de Amaleque atacaram os israelitas cansados e indefesos, selaram o destino de sua nação.”

— Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 251.

Questões para discussão:

Jetro aprendeu sobre o Deus verdadeiro a partir do que Ele havia feito por Seu povo (Êxodo 18:10-12). Por que esse princípio é válido hoje? Pergunte a si mesmo e à sua classe: Que tipo de testemunho nossa igreja apresenta ao mundo? O que dizemos ao mundo sobre a natureza e o caráter do nosso Deus?

Leia 1Coríntios 10:4. O que esse texto revela sobre o erro de que o Deus do Antigo Testamento era vingativo, odioso e implacável, em contraste com Jesus? Como esse versículo mostra por que tal crença está equivocada?

Leia novamente o texto de Ellen G. White citado acima. Compare a atitude dos amalequitas com a de Jetro. Por que Deus trouxe juízo não apenas sobre eles, mas sobre muitos povos do mundo antigo?