Sabedoria para uma vida justa

VERSO PARA MEMORIZAR:
“Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” (Salmos 90:12).

Leituras da semana:
Salmos 119:1-16; 90; João 3:16; Salmos 95:7-11; 141; 128.
Como vimos na semana passada, a graça Divina oferece o perdão dos pecados e cria um novo coração no pecador arrependido, que, a partir de então, vive pela fé.

A Palavra de Deus também oferece instruções para uma vida justa (Salmo 119:9–16). Manter a lei de Deus não é de forma alguma uma observância legalista de regras, mas uma vida em um relacionamento íntimo com Deus, uma vida cheia de bênçãos (Salmo 119:1, 2; Salmo 128).

No entanto, a vida da pessoa justa não está isenta de tentações. Às vezes, os justos podem ser tentados pela natureza astuta do pecado (Salmo 141:2–4) e até sucumbir a essa tentação. Deus permite momentos de teste para que a fidelidade (ou infidelidade) de Seus filhos seja claramente revelada. Se os filhos de Deus atentarem para a instrução e admoestação de Deus, a fé deles será purificada e a confiança no Senhor fortalecida.

A sabedoria para uma vida justa é adquirida por meio da dinâmica da vida com Deus em meio a tentações e desafios. Assim, a oração para que Deus nos ensine a contar nossos dias, para que possamos ganhar um coração sábio (Salmo 90:12), reflete um compromisso contínuo de andar com fidelidade diante do Senhor.

* Estude a lição desta semana para se preparar para o Sábado, 24 de Fevereiro.

Festa de Despedida do Sábado: Parte 4

Duas semanas após o batismo de Sekule, eclodiu a Guerra da Bósnia. Sekule fugiu de seu internato em Sarajevo, capital da Bósnia e Herzegovina, e se escondeu por 15 dias.

Quando retornou ao dormitório para recuperar seus pertences, descobriu que o prédio havia sido incendiado por soldados. Uma pequena biblioteca de livros religiosos que ele havia colecionado enquanto buscava a verdade foi jogada no meio de seu quarto e incendiada. Ele havia perdido tudo. Voltou para sua vila natal em Montenegro.

A notícia de que Sekule havia se juntado à Igreja Adventista do Sétimo Dia não foi bem recebida por sua família. O pai não conseguia entender por que ele havia parado de comer carne e o levou a um médico. A mãe achava que um feitiço tinha sido lançado sobre seu filho e buscou ajuda de alguém que praticasse magia negra. Quando suas tentativas falharam, enviaram Sekule para o serviço militar. Era 1992, e a Guerra da Bósnia estava em andamento. Alistar um filho significava enviá-lo para a guerra.

Naqueles dias, as famílias faziam grandes celebrações para os soldados recém-alistados. Os pais de Sekule planejaram sua festa para um Sábado em dezembro. Duzentos convidados eram esperados. Mas Sekule foi para a igreja.

Quando o sol de inverno se pôs por volta das 16h, ele voltou para casa. Ele não sabia o que esperar. Achava que a casa estaria cheia de parentes de todo o país e além. Achava que enfrentaria críticas por não apenas chegar atrasado à própria festa, mas também por mostrar desrespeito como o neto mais velho.

Ele encontrou seu avô na varanda da frente.

"As pessoas vieram?" perguntou Sekule.

"Não."

"Não?"

"Não."

"Por que não?"

"Ninguém sabe por quê."

Guarda a Tua palavra no meu coração

Leia Salmo 119:1-16, 161-168. Como devemos guardar os mandamentos de Deus, e que bênçãos advêm disso?

A Bíblia descreve uma vida diária de fé como uma peregrinação ("andar") com Deus em Seu caminho de Justiça. A vida de fé é mantida ao caminhar "na lei do Senhor" (Salmo 119:1) e ao caminhar "na luz do Teu rosto" (Salmo 89:15). Essas não são duas caminhadas diferentes. Caminhar na luz do rosto de Deus implica em manter a lei de Deus. Igualmente, caminhar "na lei do Senhor" envolve buscar a Deus de todo o coração (Salmo 119:1, 2, 10).

Ser irrepreensível no seu caminho é outra maneira pela qual os Salmos descrevem o viver justo (Salmo 119:1). "Imaculado" descreve um sacrifício "sem defeito" que é aceitável a Deus (Êxodo 12:5). Da mesma forma, a vida do indivíduo justo, que é um sacrifício vivo (Romanos 12:1), deve ser incontaminada pelo amor ao pecado. Uma vida dedicada a Deus também é um "caminho perfeito", significando que a pessoa assume uma direção correta na vida que é agradável a Deus (Salmo 101:2, 6; veja também Salmo 18:32).

Manter os mandamentos de Deus não tem nada a ver com uma observância legalista de regras divinas. Pelo contrário, consiste em "um bom entendimento" da diferença entre certo e errado, e bem e mal (Salmo 111:10; veja também 1 Crônicas 22:12), e envolve a pessoa como um todo, não apenas ações externas. Ser "incontaminado", manter os mandamentos de Deus e buscar a Deus de todo o coração são atitudes inseparáveis na vida (Salmo 119:1, 2).

Os mandamentos de Deus são uma revelação da vontade de Deus para o mundo. Eles instruem as pessoas sobre como se tornar sábias e viver em liberdade e paz (Salmo 119:7–11, 133). O salmista se deleita na lei porque ela o assegura da fidelidade de Deus (Salmo 119:77, 174).

"Grande paz têm aqueles que amam a Tua lei, e nada os faz tropeçar" (Salmo 119:165). A imagem de tropeçar retrata a falha moral. Como a lâmpada para os pés do salmista (Salmo 119:105), a Palavra de Deus nos protege das tentações (Salmo 119:110).

Como Cristo demonstrou o poder da Palavra de Deus em Sua vida (Mateus 4:1.11)? O que isso nos diz sobre o poder de um coração determinado a obedecer á lei de Deus?

Ensina-nos a contar nossos dias

Leia os Salmos 90; 102:11; 103:14-16. Qual é o dilema humano?

A existência humana caída não passa de um vapor á luz da eternidade. Mil anos aos olhos de Deus é "como a vigília da noite", que durava três ou quatro horas (Salmo 90:4). Comparado ao tempo divino, uma vida humana passa rapidamente (Salmo 90:10). Os mais fortes entre os humanos são análogos aos mais fracos entre as plantas (Salmo 90:5, 6; Salmo 103:15, 16). Mesmo essa vida curta está repleta de trabalho e tristeza (Salmo 90:10). Até mesmo pessoas seculares, que não têm crença em Deus, lamentam a brevidade da vida, especialmente em contraste com a eternidade que está lá fora e que, sabem, ameaça continuar sem eles.

O Salmo 90 situa o dilema humano no contexto do cuidado de Deus pelas pessoas como seu Criador. O Senhor tem sido o lugar de refúgio de Seu povo em todas as gerações (Salmo 90:1, 2). A palavra hebraica ma‘on, "lugar de refúgio", retrata o Senhor como o abrigo ou refúgio de Seu povo (Salmo 91:9).

Deus contém Sua ira justa e estende Sua graça novamente. O salmista exclama: "Quem conhece o poder da Tua ira?" (Salmo 90:11), sugerindo que ninguém jamais experimentou completamente o efeito da ira de Deus contra o pecado, e assim, há esperança para as pessoas se arrependerem e obterem sabedoria para uma vida justa.

Sabedoria na Bíblia representa não apenas inteligência, mas reverência por Deus. A sabedoria que precisamos é saber "contar nossos dias" (Salmo 90:12). Se podemos contar nossos dias, significa que nossos dias são limitados e que sabemos que são limitados. Viver com sabedoria significa viver com a consciência da transitoriedade da vida que leva à fé e obediência. Essa sabedoria é adquirida apenas através do arrependimento (Salmo 90:8, 12) e dos dons de Deus de perdão, compaixão e misericórdia (Salmo 90:13, 14).

Nosso problema fundamental não decorre do fato de sermos criados como seres humanos, mas do pecado e do que o pecado causou em nosso mundo. Seus efeitos devastadores são vistos em todos os lugares e em cada pessoa.

Graças a Jesus, no entanto, foi aberto um caminho para nós fora do nosso dilema humano (João 1:29, João 3:14–21). Caso contrário, não teríamos esperança alguma.

Com Jesus, que promessa e esperança temos para essa vida transitória? (João 3:16).

O teste divino

O que envolve o teste divino? Salmos 81:7, 8; 95:7-11; 105:17-22.

Foi em Meribá que Israel testou a Deus desafiando Sua fidelidade e poder para prover suas necessidades (Êxodo 17:1−7; Salmo 95:8, 9). O Salmo 81 faz uma reversão intrigante e interpreta o mesmo evento como o momento em que Deus testou Israel (Salmo 81:7). E, pela desobediência e falta de confiança (Salmo 81:11), o povo falhou no teste de Deus.

A referência a Meribá transmite uma mensagem dupla. Primeiro, o povo de Deus não deve repetir os erros das gerações passadas. Em vez disso, devem confiar em Deus e andar em Seu caminho (Salmo 81:13). Segundo, embora o povo tenha falhado no teste, Deus veio em seu socorro quando estavam em apuros (Salmo 81:7). A graça salvadora de Deus no passado dá a certeza da graça de Deus para as novas gerações.

O Salmo 105 mostra que as provações eram meios de Deus testar a confiança de José na predição de seu futuro por Deus (Gênesis 37:5−10, Salmo 105:19). A palavra hebraica tsarap, "testado", no versículo 19 transmite um sentido de "purificação", "refinamento" ou "purificação". Assim, o objetivo do teste de Deus à fé de José era remover qualquer dúvida na promessa de Deus e fortalecer a confiança de José na orientação de Deus.

O objetivo da disciplina divina é fortalecer os filhos de Deus e prepará-los para o cumprimento da promessa, como mostrado no exemplo de José (Salmo 105:20−22).

No entanto, a rejeição da instrução de Deus resulta em crescente teimosia e endurecimento do coração obstinado.

"Deus exige obediência pronta e inquestionável à Sua lei; mas os homens estão adormecidos ou paralisados pelas decepções de Satanás, que sugere desculpas e subterfúgios, e vence seus escrúpulos, dizendo, como disse a Eva no jardim: ‘Certamente não morrereis.’ A desobediência não apenas endurece o coração e a consciência do culpado, mas tende a corromper a fé dos outros. Aquilo que parecia muito errado para eles no início, gradualmente perde essa aparência por estar constantemente diante deles, até que finalmente questionam se é realmente pecado e caem inconscientemente no mesmo erro." — Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, vol. 4, p. 129.

Você tem percebido o fato de que o pecado endurece o coração humano? Por que esse pensamento deveria nos levar á cruz, na qual podemos encontrar poder para obedecer?

O engano do caminho perverso

Leia o Salmo 141. Pelo que o salmista ora?

O Salmo 141 é uma oração para proteção contra as tentações de dentro e de fora. O salmista não apenas está em perigo por causa dos planos dos ímpios (Salmo 141:9, 10), mas também está tentado a agir como os ímpios. O primeiro ponto fraco é o autocontrole na fala, e o salmista ora para que o Senhor vigie a porta de seus lábios (Salmo 141:3). Essa imagem alude à guarda dos portões da cidade que, nos tempos bíblicos, protegiam a cidade.

A tentação também está relacionada a se a criança de Deus seguirá o conselho dos justos ou será seduzida pelas delícias dos ímpios (Salmo 141:4, 5). O salmista descreve seu coração como uma ameaça principal, porque é aí que a verdadeira batalha acontece. Somente a oração incessante, confiante e devotada a Deus pode salvar a criança de Deus da tentação (Salmo 141:2).

Leia Como o caráter progressivo e astuto da tentação é visto? Salmos 1:1; 141:4

O Salmo 141:4 descreve a natureza progressiva da tentação. Primeiro, o coração inclina-se para o mal. Segundo, pratica ações más (o significado em hebraico destaca o caráter repetitivo da ação). Terceiro, o coração se alimenta das delícias dos ímpios, ou seja, aceita suas práticas más como algo desejável.

Da mesma forma, no Salmo 1:1, a tentação surge para impedir que a criança de Deus siga o caminho do Senhor, levando-a a andar com os ímpios, ficar no caminho dos pecadores e, finalmente, sentar-se com os escarnecedores. Pecadores, ímpios e escarnecedores: não devemos ser como eles nem permitir que nos afastem do Senhor.

Esses salmos descrevem a natureza progressiva, sedutora e astuta da tentação, o que destaca o fato de que apenas a dependência total do Senhor pode assegurar a vitória. Eles enfatizam a importância das palavras que se fala e se ouve em meio à tentação. O destino tanto dos ímpios quanto dos justos deve ensinar as pessoas a buscar sabedoria de Deus (Salmo 1:4–6, Salmo 141:8–10). No entanto, em ambos os salmos, a vindicação final dos filhos de Deus permanece no futuro. Isso significa que os crentes são chamados a confiar pacientemente em Deus e a esperar Nele.

Bênçãos da vida justa

Leia os Salmos 1:1-3; 112:1-9; 128. Que bênçãos são prometidas para aqueles que reverenciam o Senhor?

Das muitos bênçãos prometidas àqueles que reverenciam o Senhor, a paz é talvez uma das maiores. O Salmo 1 compara os justos a uma árvore plantada junto a uma corrente de águas, que dá frutos na época certa e cuja folha não murcha (Salmo 1:3; Jeremias 17:7, 8; Ezequiel 47:12). Essa comparação identifica a fonte de todas as bênçãos, ou seja, permanecer na presença de Deus em Seu santuário e desfrutar de um relacionamento ininterrupto e amoroso com Deus. Ao contrário dos ímpios, retratados como palha, sem estabilidade, lugar e futuro, os justos são como uma árvore frutífera com raízes, um lugar próximo a Deus e vida eterna.

Os versículos 2 e 3 do Salmo 128 evocam as bênçãos do reino messiânico, onde sentar debaixo de sua própria videira e figueira é um símbolo de paz e prosperidade (Miquéias 4:4). A bênção de paz sobre Jerusalém (Salmo 122:6−8; Salmo 128:5, 6) transmite a esperança no Messias, que porá fim ao mal e restaurará a paz no mundo.

"Na Bíblia, a herança dos salvos é chamada de 'um país'. Hebreus 11:14–16. Lá, o Pastor celestial conduz Seu rebanho a fontes de águas vivas. A árvore da vida dá seu fruto todo mês, e as folhas da árvore são para o serviço das nações. Há riachos sempre correntes, claros como cristal, e ao lado deles árvores balançando lançam suas sombras sobre os caminhos preparados para os remidos do Senhor. Lá nas planícies pacíficas, ao lado desses riachos vivos, o povo de Deus, por tanto tempo peregrinos e errantes, encontrará um lar." —Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 558.

O Novo Testamento descreve o cumprimento dessa esperança na segunda vinda de Cristo e na criação do novo mundo (Mateus 26:29, Apocalipse 21). Portanto, embora os justos recebam muitas bênçãos nesta vida, a plenitude do favor de Deus os aguarda quando o reino de Deus for completamente restaurado no fim dos tempos.

Por que o sacrifício de Cristo na cruz é a garantia das promessas encontradas no NT, quanto ao que Deus reservou para nós? Como obter conforto dessas promessas agora?

Estudo Adicional:

Nos tempos modernos, obter sabedoria parece não ser tão desejável quanto alcançar felicidade. As pessoas prefeririam ser felizes a serem sábias. No entanto, podemos verdadeiramente ser felizes e viver uma vida plena sem a sabedoria divina? Os Salmos afirmam claramente que não podemos. A boa notícia é que não nos pedem para escolher entre sabedoria e felicidade. A sabedoria divina traz felicidade genuína.

Um exemplo simples da língua hebraica pode ilustrar esse ponto.

Em hebraico, a palavra "passo" no plural ('ashurey) soa muito parecida com a palavra "felicidade" ('ashrey). Embora essa associação seja perdida nas traduções para o inglês, ela transmite uma mensagem poderosa: "passos" que seguem o caminho de Deus levam a uma vida "feliz" (Salmo 1:1, Salmo 17:5, Salmo 37:31, Salmo 44:18, Salmo 89:15, Salmo 119:1). Na Bíblia, nem a sabedoria nem a felicidade são conceitos abstratos, mas uma experiência real.

Elas são encontradas na relação com Deus, que consiste em reverenciar, louvar, encontrar força e confiar em Deus. O Salmo 25:14 diz que "o segredo do Senhor está com aqueles que o temem, e ele lhes mostrará a sua aliança".

"Agradeçamos a Deus pelas luminosas imagens que Ele nos apresentou. Vamos agrupar as abençoadas garantias de Seu amor, para que possamos contemplá-las continuamente: o Filho de Deus deixando o trono de Seu Pai, revestindo Sua divindade com humanidade, para resgatar o homem do poder de Satanás; Sua vitória em nosso favor, abrindo o céu para os homens, revelando à visão humana a câmara onde a Deidade revela Sua glória; a raça caída levantada do abismo de ruína no qual o pecado a havia mergulhado, e trazida novamente para a conexão com o Deus infinito, e, havendo suportado o teste divino pela fé em nosso Redentor, revestida da justiça de Cristo e exaltada ao Seu trono - essas são as imagens que Deus gostaria que contemplássemos." —Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 118.

Questões para discussão:

 Como a Bíblia pode ser fonte de deleite e não só de instrução? Qual é a relação entre o alimento da Palavra e a permanência em Jesus, a Palavra? (João 15:5, 7)

 O que acontece quando rejeitam o ensino de Deus? Por que isso ocorre? (Salmos 81; 95)

 Por que o caminho dos impios pode parecer mais desejável do que o conselho dos justos? (Salmos 141). Como lidar com o fato de que os impios parecem estar indo bem?