Lição 12 3 trimestre 2024 PDF grátis
Julgado e Crucificado
VERSO PARA MEMORIZAR:Marcos 15 é o centro da narrativa da Paixão. Apresenta o julgamento de Jesus, Sua condenação, a zombaria dos soldados, Sua crucificação, Sua morte e Seu sepultamento. Os acontecimentos desse capítulo são apresentados com detalhes nítidos e claros, provavelmente porque o autor deixou os fatos falarem por si mesmos.
"Por volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz: Eloi, Eloi, lamá sabactãni? que significa: Meu Deus! Meu Deus! Por que Me abandonaste?’’ (Marcos 15:34).
Leituras da semana:
Marcos 15; Lucas 13:1; Salmos 22:18; João 20:24-29; João 1:1-3; Daniel 9:24-27.
Ao longo desse capítulo, a ironia desempenha um papel importante. Por isso, é útil ter uma definição clara do que é ironia.
A ironia geralmente tem três componentes: 1) dois níveis de significado; 2) os dois níveis estão em conflito ou contrastam entre si; e 3) alguém não vê a ironia, não percebe o que está acontecendo e não sabe que sofrerá as consequências.
No estudo desta semana, desde a pergunta de Pilatos: "Você é o rei dos judeus?", passando pelos soldados zombadores, a inscrição acima da cruz e a zombaria dos líderes religiosos, que diziam: "Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar" (Marcos 15:31), até o surgimento inesperado de José de Arimateia, o capítulo 15 de Marcos está repleto de dolorosas ironias que, no entanto, revelam verdades poderosas sobre a morte de Jesus e o que ela significa.
* Estude a lição desta semana para se preparar para o Sábado, 21 de Setembro.
Trazendo a Armênia a Cristo
Por Andrew McChesney
Enquanto Anush orava por seu pai, ela também orava pelos outros 4.000 residentes de sua cidade na Armênia. Então Deus começou a tocar os corações.
Após o batismo, Anush reuniu-se regularmente com outras duas jovens para orar pela cidade. Depois organizaram seminários que atraíram várias dezenas de jovens. Depois disso, com a ajuda da Divisão Euro-Asiática, alugaram autocarros e levaram grupos de 50 jovens em passeios turísticos pela Arménia. Os membros da igreja cumprimentaram e fizeram amizade com os jovens em cada parada. Anush viu que os jovens se tornaram mais sinceros e abertos nas suas perguntas sobre Deus quando visitavam lugares longe de casa.
À medida que crescia o interesse pela mensagem Adventista, um pastor começou a visitar a cidade todos os domingos para realizar palestras sobre relacionamentos, finanças e outras questões práticas. Muitas pessoas participaram das reuniões durante dois anos.
Meu pai era influente e respeitado, por isso, quando ele se tornou Adventista do Sétimo Dia, toda a cidade percebeu. As pessoas começaram a falar sobre a fé e a sua decisão de ir para uma igreja que não era a igreja nacional. Seu batismo quebrou o gelo. A igreja Adventista da cidade, que antes consistia de sete mulheres fiéis que se reuniam numa casa particular, agora mudou-se para um salão alugado onde dezenas de pessoas se reúnem todos os sábados. Os membros da igreja e outras pessoas também se reúnem online para orar diariamente. Estão em andamento planos para comprar um prédio de igreja.
Hoje, meu pai, cujo nome é Armen Safaryan, trabalha junto com sua esposa, Gayane Badalyan, e sua filha, Anush Safaryan, para fazer três tipos de tofu em sua empresa. Sendo a única empresa de tofu na Arménia, tem sido apresentada na televisão nacional, e o Padre teve a oportunidade de partilhar a sua fé quando lhe perguntaram porque é que ele produz tofu.
O Pai é um presbítero da igreja e líder do departamento dos ministérios da família, e ele e a Mãe, que dirigem o departamento dos ministérios da saúde da igreja, são muito procurados noutras igrejas. O pai é visto como um modelo num país onde muitas mães e crianças ainda vão à igreja sem os seus maridos e pais. Pai, Mãe e Anush querem mudar isso.
“Veja, este homem armênio normal é Adventista”, dizem os líderes da igreja ao apresentar o pai em palestras. “Homens, vocês não estão sozinhos. Este homem vai à igreja no Sábado.”
Você é o rei dos judeus?
Leia Marcos 15:1-15. Quais tipos de situações ocorrem nessa passagem?
Pôncio Pilatos foi governador da Judeia de 26 a 36 d.C. Ele não era uma pessoa boa, e muitas de suas ações causaram sofrimento ao povo (Lucas 13:1). O julgamento de Jesus, feito pelos líderes judeus, resultou em uma sentença de morte por blasfêmia. Mas, sob o governo romano, os judeus não podiam executar pessoas na maioria dos casos. Então, levaram Jesus a Pilatos para que fosse condenado.
A Bíblia não menciona a acusação específica contra Jesus diante de Pilatos, mas dá para entender pela pergunta de Pilatos: "Você é o rei dos judeus?" (Marcos 15:2). No Antigo Testamento, o povo de Israel ungia seus reis. Então, não é difícil imaginar que o termo Messias ("Ungido") foi distorcido para sugerir que Jesus queria ser rei e competir com o imperador. Assim, a acusação para o Sinédrio era de blasfêmia, mas para o governador era de conspiração, o que levaria à morte.
A ironia é que Jesus realmente era o rei dos judeus e o Messias. As acusações de conspiração e blasfêmia estavam erradas. Ele deveria ter recebido homenagem e adoração. Mesmo assim, Jesus agia como rei. Sua resposta a Pilatos: "O senhor está dizendo isso" (Marcos 15:2), foi evasiva. Ele não negou nem confirmou o título, o que poderia sugerir que Ele era um rei diferente (João 18:33-38).
Marcos 15:6 menciona a tradição de libertar um prisioneiro na Páscoa. Pilatos perguntou ao povo se queriam que ele libertasse o "rei dos judeus" (Marcos 15:9), talvez de forma irônica, mostrando que estava contra ele.
Marcos 15:9 e 10 mostra uma mistura de percepção e falta de percepção. Pilatos percebeu que os líderes entregaram Jesus por inveja, mas não percebeu que, ao perguntar ao povo, estava jogando o jogo dos líderes. Eles agitaram a multidão para gritar para crucificar Jesus. Pilatos cedeu. A crucificação era uma morte terrível, especialmente para alguém considerado inocente. A ironia mostra como um governador pagão queria libertar o Messias, enquanto os líderes religiosos queriam que Ele fosse crucificado.
O que pode impedi-lo de seguir a multidão quando a pressão para fazer isso é grande?
Salve, rei dos judeus!
Leia Marcos 15:15-20. O que os soldados fizeram a Jesus? Isso é relevante?
Os romanos espancavam os prisioneiros a fim de prepará-los para a execução. A vítima era despida, amarrada a um poste e depois açoitada com chicotes de couro aos quais eram amarrados pedaços de ossos, vidro, pedras e pregos.
Depois que Jesus foi chicoteado, os soldados continuaram Sua humilhação, vestindo-O com um manto de cor púrpura, pondo uma coroa de espinhos em Sua cabeça e zombando Dele como rei dos judeus. Os soldados (chamados de “troça” ou “coorte”, speiran em grego; Marcos 15:16, ARC), eram um grupo com 200 a 600 homens.
A ironia da cena é evidente para o leitor, porque Jesus realmente era o Rei, e as palavras zombeteiras dos soldados proclamavam essa verdade. A ação dos soldados era uma paródia de como eles saudavam o imperador romano com as palavras: “Salve, imperador César!” Assim, há uma comparação implícita com o imperador.
Os soldados zombaram de Jesus batendo em Sua cabeça com um caniço, cuspindo Nele e pondo-se de joelhos em falsa homenagem. Essas três ações são expressas no original grego com o tempo verbal imperfeito. Nesse cenário, esse tempo expressa a ideia de ação repetitiva, ou seja, eles continuavam a espancá-Lo, a cuspir Nele e a ajoelhar-se em falsa homenagem. Jesus suportou tudo em silêncio.
No padrão típico de execução romana por crucificação, era exigido que o condenado carregasse a cruz despido até o local da execução. O objetivo, mais uma vez, era humilhar e envergonhar completamente a pessoa diante da comunidade.
Os judeus, no entanto, abominavam a nudez pública. Marcos 15:20 observa que os soldados removeram o manto púrpura e colocaram as próprias roupas de Jesus em volta Dele. Assim, aparentemente essa foi uma concessão que os soldados fizeram aos judeus naquele momento e local.
Pense em uma ocasião em que os soldados curvaram-se em falsa homenagem a Jesus. Sua paródia de homenagem a Jesus como rei, zombava do fato de que Jesus realmente era o Rei, não apenas dos judeus, mas também o Rei deles.
Aqueles homens não sabiam o que faziam. A ignorância os desculpará no dia do juízo?
Crucifixão
Que ironia terrível e dolorosa ocorre nessa passagem? Marcos 15:21-38.
Jesus foi uma vítima silenciosa, controlada por pessoas decididas a matá-Lo. Até Sua prisão, Jesus realizou muitas ações. Mas agora Ele era o alvo da ação. Embora fosse um robusto pregador, acostumado a caminhar durante horas, o espancamento, a fome e o sono O enfraqueceram. Um desconhecido teve que carregar a Sua cruz.
Na cruz, as vestes de Jesus foram removidas e se tornaram propriedade dos soldados, que tiraram a sorte para ver quem ficaria com elas (Salmos 22:18). A crucifixão não envolvia excesso derramamento de sangue. Os pregos usados para prender uma pessoa à cruz (João 20:24-29) provavelmente eram cravados nos pulsos, abaixo das palmas das mãos, onde não correm grandes vasos sanguíneos. (Em hebraico e em grego, a palavra traduzida como “mão” pode se referir tanto à mão quanto ao antebraço.) A palma da mão não possui as estruturas necessárias para suportar o peso do corpo na crucifixão. O nervo mediano passa pelo centro do antebraço e seria esmagado pelos pregos, causando uma dor terrível no braço. Era difícil respirar. Os crucificados tinham que empurrar os pés pregados e flexionar os braços, o que causava dor agonizante. A asfixia por exaustão era uma das possíveis causas da morte.
Jesus foi zombado e humilhado na crucifixão. Marcos destaca o “tema do segredo e da revelação”. Jesus pedia silêncio a respeito de quem Ele era. Por isso, títulos cristológicos como “Senhor”, “Filho de Deus” e “Cristo” não ocorrem com frequência na narrativa. Isso muda na cruz. Jesus não podia mais Se manter escondido. Ironicamente, foram os líderes religiosos que usaram esses títulos para zombar de Jesus. Aqueles nomes designados para acusá-Lo são os próprios!
Em Marcos 15:31, os líderes disseram: “Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar”. Insinuando que Jesus estivesse desamparado na cruz, as palavras que Ele havia ajudado outras pessoas (o verbo grego significa “salvar”, “curar” e “resgatar”). Ironicamente, eles estavam admitindo que Jesus era o Salvador. E mais: a razão pela qual Ele não pôde, ou não quis, salvar-Se era que, na cruz, Ele salvou os outros.
Leia João 1:1-3. Pensando nesse texto, o que a morte de Cristo significa para você?
Abandonado por Deus
Leia Marcos 15:33-41. Quais são as únicas palavras de Jesus na cruz que foram registradas em Marcos? O que a morte de Cristo significa para todos nós?
Marcos apresenta a cruz como um lugar de profundas trevas, em termos físicos e espirituais. Uma escuridão sobrenatural desceu sobre o Calvário naquela sexta-feira, desde o meio-dia até às três horas da tarde (Marcos 15:33).
As palavras de Jesus na cruz são chamadas de “clamor do abandono”. Cristo orou, clamando a Deus, perguntando por que havia sido abandonado. Ele estava citando o Salmo 22:1. Outras referências ao mesmo salmo ocorrem em Marcos 15:24 e 29, indicando que as Escrituras estavam se cumprindo na morte de Jesus. Mesmo em meio às conspirações malignas dos homens, a vontade de Deus estava sendo cumprida.
As palavras “Eloi, Eloi” (transliteração da aramaico elahi) foram traduzidas no original grego: “Deus Meu, Deus Meu”. Seria fácil imaginar que Jesus chamou Elias (aramaico elahi [“Meu Deus é Yahweh”]). Esse foi o erro de alguns espectadores.
Chame a atenção ao paralelo dessa passagem com o batismo de Jesus: Ver Tabela na Lição PDF.
Esses paralelos indicam que, assim como o batismo de Jesus representa o início de Seu ministério, profetizado em Daniel 9:24-27, o que ocorreu na cruz foi a culminação, o objetivo, de Seu ministério, quando Ele morreu como resgate por muitos (Marcos 10:45). A morte de Jesus também cumpria parte da profecia de Daniel 9:24-27. O véu do templo rasgado aponta para o cumprimento do sistema sacrificial, indicando que o encontro já aconteceu e começou uma nova fase da história da salvação.
Apesar das conspirações, os propósitos de Deus se cumpriram. Independentemente do que aconteça ao redor, temos certeza de que a bondade divina vai prevalecer?
Colocado para descansar
Leia Marcos 15:42-47. O que significa a intervenção de José de Arimateia, especialmente quando os discípulos de Jesus haviam fugido?
Depois da morte de Cristo, ocorreram várias situações bastante tocantes espiritualmente, e outras extremamente importantes em termos históricos.
José de Arimateia aparece uma única vez em Marcos. Ele era um membro respeitado do Sinédrio e fazia parte do que pode ser chamado de “elite urbana”. Por ser rico e respeitado, tinha posição junto ao governador, o que explica como poderia ter se aproximado de Pilatos e pedido o corpo de Jesus. É um detalhe conveniente que um membro do conselho tenha demonstrado tanto interesse no sepultamento de Jesus. Mas, em meio a tudo, isso aumentou as desconfianças de confiança de Jesus?
Um detalhe importante é que a morte de Jesus foi verificada. Marcos 15:43 menciona que José pediu o corpo de Jesus. Contudo, Pilatos ficou surpreso ao saber que Ele já tinha morrido (Marcos 15:44). Por isso, convocou o centurião encarregado da crucificação e perguntou se Jesus realmente tinha morrido. O centurião confirmou que sim.
Isso é importante porque posteriormente alguns disseram que Jesus não havia morrido na cruz, mas apenas desmaiado. O testemunho do centurião ao governador romano contrariava essa afirmação. Afinal, os romanos sabiam executar criminosos.
José levou uma mortalha de linho para envolver Jesus e colocou Seu corpo em um túmulo escavado na rocha, o qual era grande o suficiente para que pessoas caminhassem nele (Marcos 15:46). Marcos nota que, além de José de Arimateia, duas mulheres viram o local: Maria Madalena e Maria, mãe de (outro) José. Essas duas, juntamente com Salomé, assistiram à crucificação à distância; as três iriam ao túmulo no domingo de manhã para, segundo pensavam, completar o trabalho de embalsamar Jesus (Marcos 16:1).
Por que essas mulheres são mencionadas? Porque elas testemunhariam que o túmulo estava vazio (Marcos 16) e, portanto, seriam testemunhas da ressurreição de Jesus.
É irônico que os seguidores de Jesus tenham ‘’desaparecido’’ enquanto um membro do Sinédrio, o órgão que condenou Jesus, tenha se tornado um ‘’herói’’ nessa história. Como ter certeza de que, em momentos cruciais, também não estaremos ausentes?
Estudo Adicional
"Leia, de Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 580-595 (“No tribunal de Pilatos”), p. 596-609 (“A glória do Calvário”), e p. 610-616 (“Está consumado”).
“Pilatos desejava libertar Jesus. Contudo, viu que não podia fazer isso e ainda conservar sua posição e honra. Em vez de perder seu poder no mundo, escolheu sacrificar uma vida inocente. Quantos, para escapar do prejuízo ou sofrimento, também sacrificam um princípio! A consciência e o dever apontam um caminho, e o interesse egoísta indica outro. A consciência se dirige vigorosamente para o lado errado, e aquele que consente com o mal é levado para as densas trevas do pecado” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 594).
“A iniquidade de todos nós foi posta sobre Cristo como nosso Substituto e Fiador. Ele foi contado como transgressor para nos livrar da condenação da lei. A culpa de todo descendente de Adão pesava sobre Ele. A ira de Deus contra o pecado e a terrível manifestação de Seu desagrado por causa da iniquidade de encheram de profunda tristeza o coração de Seu Filho. [...] Não podia ver a face reconciliadora do Pai. O afastamento do rosto divino [...] penetrou em Seu coração com uma dor que nunca poderá ser bem compreendida pelo ser humano. Essa agonia era tão grande que Ele mal sentia a dor física” (O Desejado de Todas as Nações, p. 605).
Questões para discussão:
A teologia da substituição era central para Ellen G. White (e para a Bíblia; ver Isaías 53). Qualquer teologia que diminua o papel central da substituição e da morte de Cristo em nosso lugar, recebendo em Si mesmo a tituição e da morte de Cristo em nosso lugar, recebendo em Si mesmo a penalidade pelos pecados, é uma falsa teologia. Você concorda?
Quem ou o que seria o ‘’Barrabás’’ hoje, pedido em lugar de Jesus?
O que a história de José de Arimateia nos ensina sobre não julga pelas aparências?
Você consegue ensinar Daniel 9:24-27? Isso é importante?